sexta-feira, 14 de março de 2014

Sono

Acordei e esqueci os olhos pregados, sob os quais o sono dançava a noite vívida em pleno dia. Que importam os pássaros diurnos - e seu buzinar ruído que me vem -, se corujo meu dia e mal há raciocínio que se complete, palavra que termina de ser escrita? Corujo na frente de um microcomputador e com seu olho único, brilhoso e quadrado, me coruja a máquina.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Desafloro

Hoje o jardim amanheceu com as flores no chão. Não as varri porque espero novas flores - e que as flores de ontem virem adubo das futuras.

Hoje o jardim é todo verde grama, e verde não deixa de ser esperança, mesmo quando corpos então coloridos, secam-murcham, nesse jardim que meus sonhos fazem florir. Mas essa onda de causar dor, mesmo quando se põe tão claro o que pode ser dor, e mesmo assim querer ferir, fazem secar a rosa de espinhos no centro do jardim. E então são iguais, espinho e rosa, rosa e espinho.

Coisas, não coisa só.

Nem flor de espinhos, nem espinhos da flor.

Nem dor, nem desaforo. Desaflor.


Espero-te novamente rosa com espinhos, a ser a primeira flor do novo - das coisas antigas – jardim.

Hoje 12.03.14

Sob toneladas,
dando passos aos pés.
Cambaleio.