terça-feira, 19 de julho de 2011

Cantada

Eu fico pensando nas canções de ninar todas as noites antes de dormir. Não as canto e elas também não me são cantadas. É uma canção do silêncio, a cintilar inocente em suas notas imaginárias, soando doce pela garganta afora, a garganta dessa neblina, moça da noite fria, que me gela a pele coberta de lã.
Eu fico cá com meus devaneios de sempre, a calejar mutações que podem me suceder e me ocorrem, mas não as que eu quero. Eu quero acordar tarde amanhã, depois do sol, mas minha manhã começa com a lua e tenho que aprender a amá-la, antes que ela me engula e eu a embriague com meu ser. Essa lua iria querer encostar-se ao sol e não sei quem venceria.
Eu fico cá com as consequências de acreditar tanto naquilo que me é forte ao coração e digo para eu mesmo ser verdade, mas sei das minhas imagens sem altares, flutuantes no horizonte das minhas visões. São cantadas e a vida parece disposta ao galanteio.