sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Norte, Solo

Essa tua mania
de lágrimas sem fim,
dor sem partida,
que só fica,
ainda te sufoca a vida.
E já sabes teu fim.
A acudir,
desacudida;
desvario mundano.
Porque é tão imenso teu globo,
tanta gente teu mundo,
que perde na conta tu,
tão preterida de ti.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

No Chuveiro, na Cama e Calendário - Breves Impressões Fixas na Memória

 


Cena. Sob os olhos cerrados, ondas – a imensidão de mar que cabe à minha vista. O corpo parece ser ninado, num vai e vem sem fim – faz barulho na rocha, faz barulho na areia, é música em si mesma, a onda que se dissolve no mar.

As horas diferem do cotidiano, e não é que não passam – é que passam sem pressa de conta, a fazer de conta que dois e dois pode ser seis, por que não?

Calendário de 2014, sobre a mesa. Escolhi um com fotos, que me parecia menos frio que um calendário comum. Janeiro, Canoa Quebrada, Ceará – e canoas à beira-mar. Fevereiro, Elevador Lacerda, Bahia – e mar fazendo fundo aos prédios de Salvador. Março, Estação da Luz – e o azul céu de SP, nem sempre tão azul. Abril, Pão-de-açúcar, Rio de Janeiro – azul mar e embarcações. Maio, Ponte JK de Brasília e as ondas de concreto, marejo do Lago que não vai muito de cá pra lá, nem de lá pra cá. Junho, Jacaraípe, Espírito Santo; Julho, Igreja da Sé, Olinda, Pernambuco; Agosto, Praia do Gunga, Alagoas – benditas tantas águas no meu calendário, a fazer contornos em terras tão belas. Setembro, Praia de Boiçucanga, São Sebastião – e é ali tão perto, e é tão surpresa essa foto. Outubro, Canoa Quebrada, Ceará, Novembro das Cataratas do Iguaçu e Dezembro, Jenipabu, Rio Grande do Norte, em toda costa, norte-sul-norte, tem mar o bastante para histórias sem fim – e foto nenhuma é tão imensa quanto o cheiro, o som, o calor, o vento, o sol, a cor – pobre lápis de cor da infância, como era ingênuo em suas tentativas de imitar o mar em desenhos.

Demoro no chuveiro, deito e me reviro na cama, cansado e com sono, mas me reviro buscando ondas nos lençóis. De olhos fechados, elas são claras em minha mente - me esqueço do fim do banho, me esqueço da hora de acordar, viajo nas ondas que cabem em minha vista fechada, acariciando-me, lembranças cheias, mais que recortes do calendário. Sobre Camburizinho, sei que tão cedo não esqueço o mar.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

No sofá vermelho vintage da Tais, 7/1/14, 23h36min

É esse embaraço de aniversariar, sem saber dizer a nova idade o que será, e que talvez, nessa falta de saber, muito segue sob regência de nova numeração, porque é só isso, né?, passam números e o que de efetivo, vivido, vira experiência de vida? A gente sabe depois ou nunca se sabe, o que pós tudo isso, é fruto do pré-vivido, pós do pé-de-vida que segue esse aqui desabrochar, ramos e fios elétricos a cruzar, sempre a cruzar.