terça-feira, 18 de novembro de 2014

Breve, sobre símbolos de fé

O kippah e as guias branca e vermelha e preta, lado a lado no metrô. E assim deuses, saberes, lendas, crenças, formas de fé em diálogo mudo neste vagão.

13/11/14, SP, entre as estações Anhangabaú e Sé, uma breve reflexão.

sábado, 8 de novembro de 2014

Chove

São essas poucas ruas de todos os dias à noite, quando desço do ônibus rumo a minha casa e pouquíssimas horas de sono, é, nasci pra não dormir - ou só dormir aos sábados e domingos, quando às vezes nem o sol me acorda. Um gotejo de chuva e outro e mais outro, esses gotejos que antecedem a chuva propriamente dita, que desabam das nuvens sem pressa da queda no asfalto. 
Caminho seguindo uma briga, duas garotas, parecem um casal, brigam encostadas no muro, e uma outra galera, que só reparo depois, tenta apartar a briga de dois garotos - lá dentro da casa, late o cachorro que certamente foi convidado a ficar preso na lavanderia durante a festa. Passo e o meu passo é apressado, deixando meu olhar curioso lá neste lugar que não me interessa.
E corro rua adentro, rua que na curva é outra, onde corro e curva outra, a rua da praça, minha rua, onde esqueço o medo de escorregar, porque medo é uma avaria que machuca o brincar. Brinco de correr na água que cai depressa da nuvem, em quantidade, com a nuvem que quer se enxugar molhando tudo embaixo. 
Observação: Não corro da chuva, estou correndo com a chuva e achando graças entre eu, esses poucos metros e o meu portão.

Perus, São Paulo, entre duas e três da manhã do sábado oito de novembro de dois mil e quatorze.

domingo, 2 de novembro de 2014

Para Deus e Esperança





Tenho estado essa coisa assim um tanto melancólica desde ‘miados’ de junho, meio soturno como os gatos, mas ainda sem a coragem das grandes alturas e caminhos das tortas beiras. Tenho sido sim essa coisinha um tanto chata de riso difícil, meio ‘ai, que fossa esse cara’, ou pior ainda ‘ai, por que chamamos ele pra sair?’, não digo que estas falas são suas, na verdade são minhas quando olho para mim mesmo e já um tanto cansado do que me vejo, me bombardeio na falta de inimigos que o façam – e se fosse guerra essa batalha, é, talvez eu já entrasse nela de armas abaixadas, mas por sorte é só esse lance de vida, que é complicado mesmo, acontece assim que saímos de nossas mamães.


Mas a fossa não é toda merda, na verdade tem sido parte estudo e produção e crescimento – e a outra grande parte, vazio. Pergunto-me se não seria melhor se fosse merda. Vazio remete a essa coisa de inércia que tanto me sufoca, mas da qual cada vez mais, tenho que admitir, tem sido difícil de lado deixar. Às vezes apenas me entrego e depois que o tempo passou e nada aconteceu, me vejo com certo medo da coisa que sou. De como ‘coisifico’, ‘causifico’, emudeço, um tanto de mim. Tenho certo receio desse período de férias que se aproxima e do quão pode aumentar essa estada do vazio. Enfim, são pensamentos sobre mim, desculpa.


Só queria dizer que hoje ri um riso verdadeiro – que confesso só ter acontecido ultimamente na ELT, este lugar no qual entro conseguindo deixar um eu inerte do lado de fora da porta. E já fazia tempo que eu não ria sem um compromisso que pareço ter assumido com esse tal estado nulo ou igual de forças que tomam esta forma atual de mim, rir sem medo da tal forma de angústia (sim, aconteceu logo em seguida), esquecendo qualquer pedaço de mim que pudesse estar mais gasto ou fragilizado. E confesso que nem mesmo a Guarapiranga de margens lodosas encolhidas teve força para abalar o riso frouxo e sorrir, agora, o auge do brega, AQUELE SORRISO QUE VEM DE DENTRO, que durou ali, aquelas horas da manhã deste sábado, mas revitalizou o agora, aqui no quarto, antes de assistir um filme ou simplesmente dormir, e digo obrigado por ter ficado como na foto aqui embaixo do texto, uma feliz verdade.