domingo, 28 de dezembro de 2008

Sundown já!

Esta é Donatella. Versace.


No site em que encontrei estas fotos ela era apresentada como uma mulher de 53 anos exibindo seu corpo em plena forma em praias caribenhas. A "matéria" dizia que os cabelos loiros do ET, digo, da Donatella, contrastavam com seu bronzeado.


Coisas a entender:

Primeira: Magreza e forma são duas coisas distintas. Assim como uma prótese de silicone distingue-se como uma ilha de "carne" no meio da pelanca.

Segunda: Loiro e branco também são duas coisas distintas.

Terceira: Tenho certeza que o peru de Natal de muita gente ficou menos passado que o bronzeado do ET. Digo, da Donatella.

P.S.: Peço desculpa a qualquer ET que tenha se ofendido com a brincadeira.

Ouvindo Devil Wouldn't Recognize You (Madonna).

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Noel Drummond


"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para diante vai ser diferente."

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 20 de dezembro de 2008

Reflexão feia sobre salgueiro-chorão

Tem um salgueiro-chorão na frente da minha casa. E na frente da minha casa, do outro lado da rua, tem outro salgueiro-chorão. A copa dos dois salgueiros encontram-se sobre a rua, galhos entrelaçados e não felizes com o enlace.
- Quando vem o senhor poldador, o reverendíssimo que pode resolver nosso caso?
- Ele é um médico ou um mágico que vem com sua moto-varinha desvencilhar esse enlace desnecessário? Nem eu nem você quer, então descruza seu galho do meu.
- Vento forte, pode ser vento do ártico, pode ser vento tropical, balance meus galhos e me deixe acertar a cara desse salgueiro chorão.
- Vem que tem, tem... têm carros passando aí embaixo e eu sei que um vai lhe acertar o pé e você vai... aí!!!

Tem um salgueiro-chorão na frente da minha casa. Fica do outro lado da rua.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Faca para o meu amor brincar com um pescoço

Ela diz que à meia-noite todas as luzes estarão apagadas. Não é certo que estarão. É sim certeza, porque ela diz somente o que ela quer que aconteça. Ela quer. Acontece.
Meia-noite e tudo se apaga. A TV, a geladeira, o DVD, o fogão. Tudo que estava na sala. Na cozinha, o chuveiro continua seu som de temperatura verão, e a água pelando escorre sobre o guarda-roupa.
Ela o abre. Por dentro. Ela em seu pijama-vestido ou vestido-pijama. Uma camisola que ela usava para atender os vizinhos e as vizinhas. E até mesmo o porteiro.
Eu nunca considerei o porteiro vizinho. Somente o empregado mais empregado e usado do prédio. Talvez este tenha sido meu erro.
Mas, como dizia, ela saía do guarda-roupa ainda seca, os pés molhados ao tocar o chão banhado de água quente.
Estou sentado na poltrona. Como disse, a luz acabou, mas me mantenho assistindo. É melhor acreditar que o que realmente ocorre é uma ilusão, e a ilusão que ocorre é a mais pura realidade. Por isso afirmo que mais uma vez as notícias do telejornal me cansam. Dane-se a queda nas bolsas, elas não me interessam mais. Já faz uma semana.
Ela vai ao quarto e volta. Linda como sempre e um lindo punhal em sua linda mão direita. A mão errante de uma linda canhota.
Ela se posiciona à beira da janela, sempre entreaberta. Desde que trouxera o banheiro para a cozinha assim ela deixava a janela.
A pausa sua à beira da janela, com o olhar fixo no chão da rua lá embaixo. Quatorze andares lá embaixo.
Ela abre a janela e a deixa, vindo até mim, posicionada atrás da poltrona e acariciando com sua mão esquerda... e a direita, o meu pescoço.
Eu não sei porque dei tanta importância a essa ilusão. Só sei que desde então não mais assisto ao telejornal. E vejo que um estranho ocupa minha poltrona.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Quero um alho no coração

O alho, ofendido por todos dizerem que seu gosto é ruim, se escondeu dentro de uma fruta.
Ao sair, deixou nela carimbada uma flor.