quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Dona Moça Loira da Luz e a vista que se tem

'Seja como for, a face guarda certa aflição, mas não olha pra baixo.'


Aquela moça loira, ali na parede do prédio da Luz, observa tudo e não muda a expressão. Nem parece fatigada com o calor, nem indignar-se: os trabalhadores de rua, pegos pela polícia, são postos de costas com as mãos na cabeça – enviados além-margem da beira social que já ocupam, não por opção – e revistados, apalpados, como se precisassem de revólver ou canivete para vender cortador de unha, escova de dente, barra de chocolate, garrafa d’água. Que se passa na cabeça dessa moça que não fica indignada? – Talvez, que mais vista é que cenas da Luz. Luz?


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