'Seja como for, a face guarda certa aflição, mas não olha
pra baixo.'
Aquela moça loira, ali na parede do prédio da Luz, observa
tudo e não muda a expressão. Nem parece fatigada com o calor, nem indignar-se: os trabalhadores de rua, pegos pela polícia, são postos de costas com
as mãos na cabeça – enviados além-margem da beira social que já ocupam, não por
opção – e revistados, apalpados, como se precisassem de revólver ou canivete
para vender cortador de unha, escova de dente, barra de chocolate, garrafa d’água.
Que se passa na cabeça dessa moça que não fica indignada? – Talvez, que mais
vista é que cenas da Luz. Luz?
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