Tu paras diante dos poemas nas estações de metrô.
Joga de lado o que corre no dia
E deixa os olhos correrem por poemas.
‘O mistérios das cousas, onde está ele?’
É preciso ter coragem pra descobrir.
Quando penso em gestos de coragem logo você me vem a mente.
Me assusta e penso que parar não posso,
A não ser para fazer o mesmo que você:
Parar em frente a uma escada, com as pessoas querendo subir e descer
E ler uma poema como esse:
'O mistério das cousas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: -
As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.'
O Mistério das Cousas. Fernando 'Alberto Caeiro' Pessoa.
Talvez, parar em frente a escada, seja um gesto seu delicado de dizer as pessoas: curta esse agora.
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