sábado, 8 de novembro de 2014

Chove

São essas poucas ruas de todos os dias à noite, quando desço do ônibus rumo a minha casa e pouquíssimas horas de sono, é, nasci pra não dormir - ou só dormir aos sábados e domingos, quando às vezes nem o sol me acorda. Um gotejo de chuva e outro e mais outro, esses gotejos que antecedem a chuva propriamente dita, que desabam das nuvens sem pressa da queda no asfalto. 
Caminho seguindo uma briga, duas garotas, parecem um casal, brigam encostadas no muro, e uma outra galera, que só reparo depois, tenta apartar a briga de dois garotos - lá dentro da casa, late o cachorro que certamente foi convidado a ficar preso na lavanderia durante a festa. Passo e o meu passo é apressado, deixando meu olhar curioso lá neste lugar que não me interessa.
E corro rua adentro, rua que na curva é outra, onde corro e curva outra, a rua da praça, minha rua, onde esqueço o medo de escorregar, porque medo é uma avaria que machuca o brincar. Brinco de correr na água que cai depressa da nuvem, em quantidade, com a nuvem que quer se enxugar molhando tudo embaixo. 
Observação: Não corro da chuva, estou correndo com a chuva e achando graças entre eu, esses poucos metros e o meu portão.

Perus, São Paulo, entre duas e três da manhã do sábado oito de novembro de dois mil e quatorze.

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